O homem sonha, a obra nasce
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O homem sonha, a obra nasce

Julião Pinto Leite, arquitecto da OODA

 

Quem o conhece há mais tempo e com ele convive mais de perto chama-lhe Gião, um diminutivo que ficou desde que era pequeno, desde a altura em que não conseguia pronunciar o nome próprio direito, desde os tempos em que construía casinhas com peças de LEGO coloridas. Mal sabia Gião que a escala com a qual brincava se iria expandir para dimensões reais e impensáveis, como as torres Magnolia e Camellia, as famosas Flower Towers do grupo Nexity, com 21 pisos e 134 apartamentos, que surgem no horizonte de Leça da Palmeira.

“Eu cresci no exterior, numa zona menos urbana, com muito espaço e muitos jardins e gostava de fazer as minhas construções ao ar livre, como cabanas”, relembra. “Como sempre desenhei, sempre soube que queria ser arquitecto, só não sabia que era assim que a profissão se chamava. O que eu queria era fazer desenhos de casas”, ri.

Nascido no Porto em 1983, concluiu o curso na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 2007. Depois de uma temporada de dois anos em Londres, regressou à Invicta em 2009. “Quando cá cheguei trabalhei oito anos no gabinete de arquitectura do José Carlos Cruz, que me deu parte da bagagem que aplico hoje nos meus projectos”, conta, acrescentando que em 2018 aceitou o convite da OODA (Oporto Office for Design and Architecture) para integrar o gabinete portuense.

Com mais de 40 projectos em curso e mais de 300 mil metros quadrados em construção, é uma das empresas de arquitectura portuguesas mais conceituadas e reconhecidas no mundo. São os responsáveis pela reconversão do Matadouro de Campanhã, em co-autoria com o japonês Kengo Kuma, e, mais recentemente, ganharam o concurso para projectar a nova sede da Klan TV, uma operadora privada de televisão em Tirana, na Albânia. Vai ocupar uma área de 10 mil metros quadrados e terá uma construção arrojada que fará lembrar uma pilha de antigas bobinas de filmes.

A par da arquitectura que tem em mãos (a expansão da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, a construção de quatro blocos de habitação junto ao Estádio do Dragão, e de quatro moradias em Leça da Palmeira, junto à linha de mar, são alguns dos projectos que está a desenvolver), o desenho e a ilustração também ocupam parte do coração de Gião. Alguns dos seus trabalhos já foram expostos pelo país, como em Braga, Porto e Lisboa.

“O meu trabalho é um bocadinho ecléctico, não me especializei em nada, nem em aguarela ou óleo, porque como foi sempre um hobby, faço o que me dá mais prazer, como desenhar as pessoas que estão sentadas ao meu lado, em salas de espera, no comboio, em aeroportos. Ando sempre com o meu caderno de esboços atrás e tenho especial preferência por aqueles desenhos em que nem levanto a caneta, feitos com uma linha só, em que quase nem olho para o papel”.

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