Onda, onda, olha a onda
Entrevistas | Descubra o melhor de Leça da Palmeira

Onda, onda, olha a onda

Manuel Centeno, bodyboarder

 

Debruçado sobre o cavalete de arquitectura a esboçar um projecto futuro ou sobre a prancha de bodyboard a surfar uma onda iminente, não há tarefa que meta medo a Manuel Centeno, nascido no Porto, no início da década de 80. Manuel faz ainda parte daquela geração que cresceu a testar limites, com a adrenalina a correr nas veias. “Sempre gostei muito de desporto, de movimento, fui sempre um miúdo muito activo. Há 30 anos não se falava muito disto, mas tenho a sensação de que hoje teria sido diagnosticado com hiperactividade”, conta o portuense com bicho carpinteiro.

Licenciado em Arquitectura pela Universidade do Porto, foi através do bodyboard que se tornou nacional e internacionalmente conhecido. Conquistou doze títulos de campeão nacional em diferentes escalões, seis títulos de campeão europeu e dois como campeão mundial. “O bodyboard apareceu na minha vida de uma forma muito natural. Estive sempre muito ligado à água e pratiquei natação durante muitos anos no Futebol Clube do Porto. E como o meu avô trabalhava na APDL [Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo], em Leça da Palmeira, vinha muitas vezes visitá-lo e, inevitavelmente, dava um salto à praia de Leça, que é para onde vou agora”, ri.

Incentivado pelos primos mais velhos, que já faziam bodyboard, com 12 ou 13 anos decidiu experimentar, movido pela curiosidade. “A minha primeira prancha foi uma daquelas de supermercado, para apanhar ondinhas junto ao areal”, ri, acrescentando que foi em Nova Iorque, anos mais tarde, que comprou a sua primeira “prancha mais a sério”. “Naquela altura, em que éramos miúdos, não havia escolas de bodyboard, mas havia clubes, grupos de praia, que era uma coisa altamente e aos quais queríamos pertencer”.

Manuel Centeno conta que a ligação à Praia de Leça é, sobretudo, emocional. “Traz-me muitas recordações boas. Hoje é uma praia que me é útil, não só pela proximidade a onde vivo, mas também é onde faço um surf de manutenção e onde vou muitas vezes. É uma praia boa para quem começa a praticar, é aberta, exposta, com boas ondulações”. Inquieto por natureza, é praticante de jiu-jitsu e também nesta modalidade já deu cartas. Foi campeão nacional três vezes, uma vez campeão europeu e recebeu uma medalha de bronze num campeonato mundial em Abu Dhabi.

Mas se pensa que o exercício físico na vida de Manuel se fica apenas pelos treinos e competições, está muito enganado. Com a ajuda de um “trolha e de um carpinteiro” está a construir a sua própria casa. “Eles são os meus professores, eu vou dando ao músculo e partindo paredes”. Além deste projecto, o desportista tem um outro também já em marcha, em Serralves, e mais focado na comunidade. “Tenho, juntamente com o meu melhor amigo, uma escola de bodyboard em Matosinhos. E isso deu-me vontade de fazer uma coisa diferente, que não estivesse ligada ao desporto, que fosse um projecto educativo e que incluísse uma série de actividades que explorassem a relação com o mundo onde vivemos. Um projecto onde fosse possível abordar questões emocionais e de que forma podemos interagir harmoniosamente com o planeta. E já está a ser construído”, sorri.

Para mais informações